“Até quando estarão amando ilusões e buscando mentiras?” Salmo 4.2
Alguns pensadores, sobretudo, modernos e contemporâneos defendem que o homem não pode prescindir da ilusão. Ela faz parte da natureza humana, e é uma forma de fugirmos à vida real, e ao sofrimento e falta de sentido presente no fundo da nossa existência. O homem não suporta viver constantemente a verdadeira realidade. Aliás, historicamente o homem sempre lutou contra a realidade. Cria um universo cheio de mitos e crenças que favorecem aquilo que esperam da vida. No entanto, a ilusão que dá sentido a vida não passa daquilo que é em si: ilusão.
Viver na ilusão é muito complicado. Ilusão é uma espécie de mentira quase sempre inconsciente que pregamos a nós mesmos, movidos pela pressão dos nossos próprios desejos, na certeza ou na esperança de encontrar o caminho mais curto da realização pessoal. É o expediente do qual lançamos mão para contornar problemas de maneira gostosa, sem esforço, sem luta, sem sacrifício. Só depois de algum tempo caímos na real e percebemos que a ilusão era um mero sonho, um produto da imaginação, um atalho que não deu certo, uma sensação emocional artificial e efêmera, uma decepção que tentamos burlar.
Mesmo assim há muitas pessoas que ainda preferem viver de ilusões. A realidade dos relacionamentos, das condições socioeconômicas são substituídos pela imaginação, substituídos por um mundo perfeito criado na mente dos que assim vivem, culminando com atitudes delirantes, muitas vezes. Vivem de aparências. Substituem o real pelo virtual. Vivem de ilusões. Desejos que não se realizarão, condições que jamais mudarão.
Mas o salmista não faz parte do grupo que prefere ilusões. Ele coloca as palavras “ilusões” e “mentiras” na mesma linha, no mesmo nível, no mesmo saco por uma razão simples: se as ilusões são produzidas pelos sentidos que tentam enganar a realidade, é verdade dizer que quem vive de ilusões vive uma vida mentirosa. E ainda adverte: “Até quando vocês estarão amando ilusões e buscando mentiras?” Os que preferem ilusões focalizam miragens e fogem da realidade enquanto podem, até despencar mais cedo ou mais tarde dos braços dela.
Como é sua vida? Tem se caracterizado pela fuga da realidade? Tem produzido mentiras para se sentir bem consigo mesmo e com o mundo externo? Mas é importante dizer que mais cedo ou mais você cairá na real e perceberá que tudo que foi construído não passou de um castelo de cartas que inevitavelmente desabaria. Então concluirá que tudo na sua vida era uma mentira. Quando a Bíblia questiona “Até quando estarão amando ilusões e buscando mentiras?”, está dizendo que esta vida não precisa ser vivida porque você pode ser feliz e realizado mesmo sendo o que é, mesmo possuindo as condições que possui porque felicidade, querido, não é onde se chega, mas como se vai. Felicidade não é produto de uma mente imaginativa que foge da realidade, mas é produto de quem conhece a vida em Deus. Deus já preparou tudo para lhe fazer feliz com aquilo que você é e com o que você tem.
Convido você que quer este tipo de vida a orar comigo assim: Pai Celeste, entendo que não serei feliz criando um mundo imaginário onde tudo foi resolvido. Entendo que não posso fugir da realidade da minha vida. Por isso peço a sua ajuda. Tudo o que o Senhor sonhou para mim, dou-lhe a permissão de realizar, pois a minha felicidade, reconheço, está em ti.
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