A busca por algo “novo”, nem sempre é a solução para o seu descontentamento com
sua igreja local.
–
Ah, eu não perco tempo de ir àquela igreja, não. Ela é morta. Quero ir aonde
aconteça alguma coisa, disse certa senhora.
De
certo modo, a maioria de nós partilha de sentimentos assim. Algumas igrejas
estão realmente mortas. Mas se estão, é porque os crentes estão mortos. Numa
igreja onde houver um crente vivo, a igreja não estará totalmente morta. E este
crente vivo pode avivar e revitalizar a igreja pelo poder de Deus. E se fizer
isto, talvez esteja demonstrando uma espiritualidade mais profunda do que
aquele crente impaciente que vai procurar outra igreja onde esteja
“acontecendo” alguma coisa.
Talvez
seja bom analisarmos um pouco mais detalhadamente esta situação. Em alguns
casos, essa mudança é válida, quando é Deus quem a orienta. Mas precisamos
estar certos mesmos de que é Deus mesmo que está determinando esta mudança, e
não nós que estamos tentando fugir de um problema, impulsionados pelo imaturo
desejo de busca de emoções fortes. A verdadeira pergunta que devemos fazer é a
seguinte: o que deveria estar acontecendo
na igreja?
O
mais importante nisso tudo é ter experiência da presença de Deus. Existe por aí muito barulho emotivo que não é
operado por Deus, nem é evidência da presença dele. É coisa da carne, gerada,
organizada e manipulada por homens. Mas a verdadeira consciência da presença de
Deus, geralmente é silenciosa. Há uma sensação de profundo respeito, reverência
e alegria santa. Sentimos que não estamos num piquenique, mas pisamos terra
santa. Não se trata de um divertimento, mas de uma experiência da alma. Quanto
mais profundo for o sentimento da presença de Deus, menos disposição teremos
para gritarias e atitudes levianas. Quando uma igreja é invadida pelo
sentimento da presença de Deus, até os pecadores o percebem e sentem-se
impulsionados a buscarem o perdão de um Deus santo.
O
sentimento da presença de Deus é acompanhado de um consciente e deliberado espírito
de adoração. Em todos os cultos, as pessoas deviam apenas adorar a Deus, deviam
louvar e orar de maneiras que demonstrem quem Deus realmente é. Ele é quem deve
ser exaltado, e não seres humanos, que talvez estejam na direção dos trabalhos.
Não devemos ir à igreja para ver o que está acontecendo. E não devemos ficar
ali sentados como num teatro ou cinema, pensando no que será que vai acontecer
em seguida. Não devemos ser meros assistentes, mas verdadeiros adoradores,
participantes e atuantes no culto. Não estamos ali em busca de diversão, mas em
busca de Deus, e Ele se deixa encontrar por aqueles que o buscam de coração (Jr
29.13).
Outra
coisa que é uma experiência correta, numa igreja biblicamente viva, é a fiel e
ungida pregação da Palavra de Deus. Foi isso que Deus determinou. As pessoas
que desejam apenas emoções e não querem meditar, são cristãos superficiais, que
sentem-se entediados com a pregação simples da Palavra. Deus está em sua
Palavra. Ele colocou bem no centro do seu método de operação a pregação da
Palavra. E se a pregação é bíblica, cristocêntrica, e se acha impregnada de
verdades, e dinamizada pela oração e pelo Espírito Santo, não existe nada mais
poderoso que ela. Quando a Palavra é pregada é realmente quando as coisas estão
“acontecendo”. Em nosso interior ocorrem maravilhosas transformações. Os
pecadores estão sendo despertados; crentes estão sendo edificados, fortalecidos
espiritualmente e impulsionados a terem uma maior comunhão com Deus. Que outros
“acontecimentos” poderiam ter mais importância que estes?
Por
fim, tudo que se passa numa igreja deve dar como resultado um viver mais santo.
Se isso não acontecer, a exuberância religiosa não passa de mera fanfarra. A
verdadeira prova a que se deve submeter a espiritualidade de uma igreja é da
conduta ética, não a do seu êxtase. O que conta não é a intensidade do barulho
de uma igreja, mas o modo como os cristãos vivem suas vidas dentro e fora dela,
em situações de paz ou enfrentando os mais diversos problemas. O que “acontece”
numa igreja viva deve frutificar em lares mais felizes, melhores
relacionamentos, e um testemunho mais coerente perante nossos vizinhos e
colegas de trabalho. Desse modo, os “acontecimentos” da igreja vão além das
paredes do templo e se tornam uma força que poderá transformar sua comunidade
para Deus.
[Extraído]
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