João 11.1-44
Vivemos uma época onde as pessoas estão cada vez mais se
distanciando. Por um lado aumenta o número de amigos virtuais e diminuem os
amigos reais. Esse é o grande problema das redes sociais. As pessoas não se
veem. Participam uma das outras, mas somente naquilo que é informado muito
superficialmente. Não criam raízes. Muitos nem o rosto mostram. Isso nos coloca
uma questão extremamente séria: Quem é amigo de verdade? Sobretudo, em uma
época em que o conceito de amizade está em baixa. Como o conceito de amizade
está em baixa estamos cada vez mais distantes de fazer amigos de verdade. As
redes sociais, o facebook, por exemplo, nos permite ter centenas e até milhares
de pessoas adicionadas, e que são chamadas de amigos. Mas quem é amigo de
verdade? Com quem você caminha? Compartilha as questões do coração? Quem você
de fato conhece e é conhecido por você? As redes sociais significam que temos o
mundo diante de nós, mas estamos cada vez mais isolados uns dos outros. No
entanto, temos uma inquestionável necessidade de amigos. Insisto
propositalmente na pergunta: Quem é amigo de verdade?
O texto bíblico relata uma inegável relação de amizade
envolvendo várias pessoas, e cada uma nos traz lições preciosíssimas. Por exemplo...
1.
Os irmãos Lázaro, Marta e Maria: amigos nos trazem alívio (v.5)
Amigos que sempre estiveram à disposição de Jesus. Sua casa
estava sempre aberta. Estavam sempre prontos para dividir com Jesus as demandas do dia a dia.
2.
O discípulo Tomé: amigo junto em qualquer
circunstância (v.16)
Jesus estava sob ameaça de morte, mas Tomé teve a iniciativa
de ir com Jesus mesmo que isso significasse sua morte também. O amigo não deixa
o outro mesmo em situações extremas e de grandes perigos.
Mas a maior lição encontramos em Jesus. Jesus é o único capaz de amar ao extremo. Então vejamos:
3.
Jesus: amor ao extremo
“Nosso amigo
Lázaro adormeceu, mas vou até lá para despertá-lo” (v.11). Em outras palavras:
“Farei alguma coisa pelo nosso amigo”. As palavras de Jesus se referem ao que
faria em relação a morte de um grande amigo, Lázaro, que já havia morrido há
quatro dias. Quando Jesus chega ao local encontra gente que foi mais
específica, dizendo: “...ele cheira mal”,
“já está apodrecendo!”. Diante do discurso pessimista porque embora crendo que
Jesus poderia fazer qualquer coisa, aquela não faria. Pelo menos era a
mentalidade dos presentes. Imaginaram que se Jesus fosse fazer algo já teria
feito. E se não fez não seria agora que faria uma vez que já havia se passado
quatro dias e cheirava mal. Isso sem contar o tempo em que Lázaro ficou doente,
e poderia ter sido curado, mas não foi. Então, diante desse quadro pessimista
Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a
vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra viverá; e quem vive e crê em mim
não morrerá eternamente” (vs.25-26).
Agora, o que Deus chama de
morte? Pra Deus o indivíduo pode ser um ser que respira, porém morto. Por
exemplo, Paulo diz de pessoas mortas em seus delitos e pecados. A alma pode
estar existindo enquanto ser, o que, aliás, jamais deixará de existir, o corpo
sim começa o processo de inexistência quando morre, mas a alma não, ela existe
no corpo e continuará existindo mesmo que o corpo se acabe porque ela é eterna.
Mas a qualidade da sua existência pode ser a morte. Morte porque está em estado
de decadência existencial. Morte porque não foi levantada pela Palavra de Deus,
pra experiência da comunhão com Deus que é o que Deus chama de vida.
Vida pra Deus não é existência porque o ser respira, anda
pelas ruas, possui inteligência. Até porque a respiração, locomoção e
inteligência se encontram nos cães vagantes pelas ruas. Mas vida pra Deus é
potência, é qualificação pra existência. É o catapultar das energias que me põe
pra cima. É uma relação profunda, uma ligação vital com o eterno. Isso faz com
que eu deixe de ser apenas um mamífero psicológico e me torna um ser espiritual
tomado pela alegria de vida eterna. É o que Jesus está dizendo aqui quando
pergunta: “Crês tu nisto?”. O que
Jesus fizera era inegável, mas alguns foram contar aos fariseus por uma razão
muito simples. Milagres não salvam ninguém. Aquelas pessoas que viviam no
encalço de Jesus procurando meio de prendê-lo viram muitos milagres, mas nem
por isso seus corações se quebrantaram. Milagres, sobrenatural não
sensibilizam, não convertem o coração de ninguém, não transformam para uma
existência plena, não restauram a alma. É preciso o milagre de ressurreição
interior pra levantar esse ser que mesmo vendo milagres tremendamente
manifestos, como esse aqui descrito, continuam, todavia, sepultados na sua
interioridade em delitos, em pecados, em descrença, em inimizade contra Deus.
O que eu tenho pra falar com você é que sei que há entre nós
pessoas nesse estado de morte. Gente que dirige carro, faz compra, se diverte,
viaja, conversa com as pessoas, gente que sonha, tem planos, gente que espera
chegar em casa e ficar abraçadinho com a esposa ou esposo, gente que quer
casar, que trabalha duro, que estuda. Enfim, seres psíquicos, inteligentes, mas
do ponto-de-vista de Deus, mortos. Mortos em pecados ou mortos por falta de
sentido na vida. São mortos porque não tem nenhuma vontade de Deus. A menor
sede de Deus. O menor interesse por Deus. Não passam de bonecos feitos de carne
e sangue. Mamíferos que andam por aí. Porque o que caracteriza a vida de Deus
no homem não é o caráter psicológico ou a capacidade intelectual. O que
caracteriza a vida de Deus em mim é ter dentro de mim o desejo por Deus. É a
compreensão da essencialidade da presença de Deus em mim que me capacita pra
eternidade, me ajuda a viver aqui, e não apenas existir. Porque existem pessoas
assim que apenas existem. Suas mentes e corações precisam experimentar da
ressurreição.
Por outro lado, há pessoas num estado de morte caracterizado
por infelicidades profundas. Esses indivíduos nem percebem que se autoenganam
quando tentam se lançar para a vida. Porque estão sepultados pelas tristezas
intermináveis e enfaixados pelo engano. Falta-lhes a consciência que a
restauração da vida acontece na medida em que o amigo Jesus diz: “Vem para fora!”. Mas há outros que
abraçaram a desilusão. Outros em estado de depressão. Outros em pânico. Outros
em sepulturas dos traumas. Tem gente que existe, mas carrega um vazio, um
sepulcro na alma. É uma agonia profunda enquanto ser existente porque há uma
existência que não se completa para a vida, não se realiza plenamente. Sempre
está faltando alguma coisa. Eu digo a você o que falta, atender ao convite do amigo
Jesus quando diz: “Vem para fora!”.
Saia dessa sepultura de morte.
Conclusão
Quem quer Jesus como seu amigo?