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"Evangelho sem cruz é religião sem graça e sem salvação"

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O QUE ESTAMOS FAZENDO COM A IGREJA?


Reunido com seus discípulos, Jesus faz uma pergunta que deixou Pedro à vontade para responder: “Quem os outros dizem que o Filho do homem é? (...) Alguns dizem que é João Batista; outros, Elias; e, ainda outros, Jeremias ou um dos profetas” (Mt 16.13-14). Entretanto, a preocupação de Jesus não consistia na maneira como as pessoas o enxergavam ou pensavam sobre ele. O que Jesus desejava era saber o que seus discípulos falavam a seu respeito ou sobre como os discípulos demonstravam ser Jesus. Por isso, prosseguiu reformulando a pergunta: “E vocês? Quem dizem que eu sou?” (Mt 16.15). Quando Pedro responde: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, Jesus afirmou que essa revelação fora feita pelo Espírito. E sobre aquilo que saiu da boca de Pedro, revelado pelo Espírito Santo, a sua igreja seria edificada. Ou seja, Jesus deu ênfase naquilo que definiria a sua igreja: “o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Isso fez uma diferença enorme na vida dos discípulos e, por conseguinte, da igreja. A igreja como instituída por Cristo sempre foi fundamental no ser discípulo.

Mas, com o passar do tempo a ênfase dada por Jesus foi sendo mudada. Todos agora são evangélicos. Alguns são “gospel”. Já fomos mais respeitados quando o caráter era trabalhado em nossas igrejas. A ênfase mudou. Passou a ser o poder espiritual com interesse no poder material e político, pois o interesse não está no quebrantamento espiritual, mas no “poder espiritual” para dominar. Neste caso a Bíblia foi aos poucos sendo posta de lado porque ela estabelece padrões e limites em todo o procedimento, mas parece que isso não interessa em alguns casos. 

A ênfase de Jesus mudou. Foi substituída por revelações em cascata, de profecias onde líderes nem sempre sensatos fogem ao controle das Escrituras e ditam sua visão pessoal como se fosse palavra divina. O senso crítico foi abandonado. De pastor passou-se a bispo, a apóstolo (e sabe Deus onde isso vai parar...). De discípulos comprometidos com o Reino a consumidores exigentes que só se satisfazem se a igreja for do seu jeito e se atender aquilo que acredita ser a sua demanda; caso contrário, procura-se outro “fornecedor religioso”.

A igreja se desequilibrou. E isso é grave, pois uma igreja desequilibrada gera pessoas desequilibradas. Porém, o evangelho, “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, gera saúde, não enfermidade. Hoje não é difícil encontrar grupos que acham os sãos espirituais e emocionais de frios e sem experiências sobrenaturais. E se o rebanho não cresce é porque falta “poder”. Que “poder”?

A ênfase mudou. A ética deu lugar à celebração. É mais importante o “louvorzão” do que a reflexão sobre como anda a vida com Deus, o conserto da vida e das relações, a afirmação de valores divinos. Pouco se fala contra o pecado e santidade, a volta de Cristo, as exigências divinas para uma vida séria e comprometida com o Reino. As Escolas Bíblicas que antes eram fundamentais, onde numa cena belíssima pais caminhavam com seus filhos rumo ao templo, todos com suas Bíblias em punho. Hoje parece que não há tanto prazer. Aliás, não raro, as Bíblias são esquecidas ou deixadas propositadamente nos bancos do templo para que no domingo seguinte se encontre com seu dono. Quem sabe assim gera saudade da Palavra de Deus!

A ênfase mudou. A ética deu lugar a estética. Certa vez preguei numa igreja de minha denominação e fiquei assustado. Parecia um show. A entrada do grupo de louvor foi no mínimo doentia. As luzes do templo foram apagadas, refletores acesos cujos focos coloridos coreografavam no ambiente tornando-o num lugar mais parecido com uma danceteria. E o entusiasmo da “galera”? Senti-me mal. E envergonhado. Não foi isso que aprendi na Bíblia. 

O que estamos fazendo com a igreja? Aquela igreja onde a Bíblia é pregada, em que a crença no poder do Espírito para fazer a obra crescer nos leve a prescindir de atos desonestos, de manipulações e de extorsão na contribuição. Aquela igreja que evangeliza e não agride. A igreja que aceita o crescimento dado pelo Espírito, e não o de produto de um marketing voltado para o seu “mercado consumidor”. Aquela igreja onde caráter é mais importante. Aquela igreja em que o evangelho não ceda lugar à convivência sem confrontações e sem exigências em nome de não repelir as pessoas. Aquela igreja que prega Jesus e não política. Que façamos da nossa igreja uma igreja que valha a pena. Uma igreja cheia de discípulos comprometidos com o Reino e não uma igreja “gospel”, cheia de evangélicos vazios da vida de Deus.


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