O pastor chegou da igreja cansadão depois de um domingo cheio de atividades e
desabou no sofá para dar aquela relaxada. Alguém ligou a TV justo no momento em
que acabavam de mostrar os gols da rodada. O repórter perguntou ao jogador que
se destacou na rodada como conseguira fazer aquele golaço. “É, eu chutei e
graças a Deus foi gol.” “Oh, eu não sabia que esse cara era atleta de Cristo!”,
exclamou o pastor, levantando-se empolgado do sofá. “Tenho que trazê-lo para
pregar na minha igreja”. Não sossegou enquanto não arrumou um diácono que era
amigo da irmã da sogra do jogador. Mesmo advertido de que o craque não era tão
bom de fé quanto era de bola, o pastor não quis saber e pôs faixas no bairro
inteiro, anúncios no rádio e convites no jornal.
No
domingo, a igreja estava lotada. Depois que as seis bandas da igreja se
apresentaram, o pastor se levantou e, orgulhosamente, apresentou o grande
pregador da noite. O atleta que, até então, só sentara no último banco, subiu
meio desajeitado no púlpito e engoliu em seco ao encarar de frente a multidão.
Resolveu encarar a situação. Respirou fundo, deu uma ajeitada na gravata que
nunca tinha usado e começou: “Bom, meus irmãos, eu vou contar para vocês a
parábola do bom samaritano. Amém?” A congregação respondeu em coro: “Amém!” O
artilheiro ganhou moral com o eco favorável da torcida.
O SERMÃO – “Um homem descia de Jerusalém para
Jericó quando caiu numa plantação de espinhos que começaram a sufocá-lo.
Tentando sair da incircuncisa situação, ele gastou todo o seu dinheiro até
ficar pobre, a ponto de comer a comida dos porcos numa fazenda. Foi então que
ele encontrou a rainha de Sabá, que lhe deu um prato de lentilhas, cem talentos
de ouro, vestidos brancos e um cavalo. Ao prosseguir viagem, seus cabelos se
enroscaram numa árvore e o homem ficou pendurado por muitos dias, mas os corvos
lhe trouxeram comida e água, de sorte que o homem comeu cinco mil pães e dois
peixes.”
“Uma
noite, quando ainda estava suspenso, Dalila, sua mulher, chegou e
sorrateiramente cortou seus cabelos. O homem caiu em pedregais escorregadios,
mas levantou-se e andou. Então choveu quarenta dias e quarenta noites e o homem
escondeu-se numa caverna, onde se alimentou de gafanhotos e mel silvestre. Saindo,
encontrou um servo chamado Zaqueu, que o convidou para jantar. Mas o homem
desculpou-se, dizendo que não podia porque havia comprado uma manada de porcos
perdidos como ovelhas sem pastor. Foi então que um leão faminto tragou os
porcos, mas Golias derrotou o leão com sua funda e mostrou ao homem o caminho
que levava a Jericó. Ao aproximar-se das muralhas da cidade, ele viu Jezabel na
janela. Mas, ao invés de ajudá-lo, ela riu. Indignado, o homem bradou em alta
voz: ‘Lançai fora!’ E eles a lançaram fora setenta vezes sete. Dos fragmentos
foram recolhidos doze cestos e disseram: ‘Bem-aventurados os pacificadores.’
Portanto, meus irmãos, na ressurreição dos mortos, de quem será está mulher?
Assim diz o Senhor. Amém.”
Encantada,
a congregação aplaudiu de pé. Na saída, entre um autógrafo e outro, o pastor
ouviu uma confissão: “Eu não entendi nada do que ele pregou, mas foi uma
bênção.” “Aí, você falou ao meu coração!”, suspiraram as garotas da igreja.
Feliz como quem marca um gol de placa, o “craque” da Palavra foi para casa
achando que era o novo Caio Fábio.
Alex Dias Ribeiro, diretor executivo
nacional dos Atletas de Cristo.
Essa
fábula é cômiga e trágica ao mesmo tempo, pois, embora os exageros, retrata bem
muitas das igrejas dos nossos dias. O que vale são templos cheios mesmo que as
pessoas saiam de lá ainda vazias. O pior é que muitas pessoas se interessam por
esse tipo de coisa, não estão interessadas num encontro com a Palavra. Se
estivessem buscariam igrejas não de eventos, pois igreja de evento é “vento”.
Buscariam igrejas realmente comprometidas com a Palavra. Buscariam pregadores
comprometidos em ensinar, edificar e alimentar seu rebanho numa demonstração
clara e objetiva de que a revelação de Deus, a Bíblia, deve ser tratada com
respeito e zelo. Os púlpitos não podem ser ocupados por qualquer pessoa, aquela
que se autointitula pregadora da Palavra. Os pastores devem zelar pela saúde
espiritual e mental do seu rebanho, pois prestarão contas a Deus sobre o que
permitiram entrar pelos ouvidos daqueles que deveriam cuidar.
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