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“CAIR NO ESPÍRITO”? QUE HISTÓRIA É ESSA?

Há alguns textos que a corrente do “cair no Espírito” se utiliza com o intuito de comprovar a veracidade da doutrina. Aqui vamos analisar esses textos, a descrição desse evento e buscar uma refutação bíblica como comprovação de que esse evento não passa de doutrina estranha e antibíblica.


• O primeiro texto é o de Ezequiel 1.28: na experiência de Ezequiel no seu encontro com o Senhor o verso diz: “...vendo isto caí com o rosto em terra...”. Essa expressão é utilizada para afirmar que Ezequiel, nesse momento, “caiu no Espírito”. Vejamos: desde o verso 22 do mesmo capítulo, Ezequiel vem narrando a forma com que o Senhor se revelou a ele. Está claro no texto que a grandiosidade, a majestade, o poder de Deus apareceu de uma forma que não deixou dúvidas para Ezequiel que esse que se revelara é o grande Deus (v.28b: “Esta era a aparência da glória do Senhor...”). Na continuidade do verso a expressão: “...caí com o rosto em terra”, na verdade, está expressando a reverência de Ezequiel à Deus que se autorevelou ao profeta. É somente isso!

• O segundo texto é Daniel 10.7-9: no verso 9 encontramos “caí sem sentidos, rosto em terra.”. Esse texto deve ser interpretado literalmente se considerarmos o contexto dos versos. Ao lermos todo o capítulo 10 percebemos que essa expressão está dentro do contexto de abatimento físico e, portanto, significa desmaio. É como se Daniel tivesse dizendo: “desmaiei com o rosto em terra”. Veja se não é isso: no verso 1 quando Deus apresenta a visão à Daniel, a visão “envolvia grande conflito” (v.1), ou seja, Deus estava revelando algo terrível que aconteceria no futuro na vida do povo. Quando chega no verso 7, embora os homens que acompanhavam Daniel não tivessem a visão, “caiu” sobre eles grande medo e fugiram (v.7) tal era a presença de Deus. Não obstante, Daniel teve o mesmo medo, mas vendo as revelações de Deus e contemplando o poder de Deus. A pressão espiritual, emocional e psicológica foi tão grande que Daniel sentiu no seu físico. O verso 8 nos mostra: “...não restou força em mim; o meu rosto mudou de cor e se desfigurou, e não tive força alguma.”, como consequência, desmaiou. Por isso, a expressão “caí sem sentidos, rosto em terra”.

Quando você está em uma situação que gera medo como: um assalto, uma notícia trágica sobra sua vida e etc..., as suas forças vão embora, não é? Você sente um frio na barriga, fica tonto, a pressão arterial abaixa ou sobe, não é mesmo? Por que com Daniel seria diferente?

• O terceiro texto é Atos 9 quando narra a conversão de Saulo. No verso 3 a Bíblia nos diz que ele estava à caminho de Damasco quando viu uma luz do céu e caiu. Esse cair foi no Espírito? Claro que não! O verso 4 diz “e, caindo por terra...”, não significa que caiu no Espírito porque estava montado num cavalo, logo com o susto caiu no chão; tanto que no verso 6 o Senhor o manda levantar do chão. Ou seja, ele caiu mesmo foi do cavalo. Outro argumento: se o “cair no Espírito” é para crentes como explicar Saulo, que nesse momento ainda não tinha se convertido, tenha tido essa experiência. No texto veremos que ele só se converte ao Senhor depois de se levantar.

• O quarto texto é Apocalipse 1.17 que também é interpretado erroneamente. O texto diz “Quando o vi, caí a seus pés como morto.”. Primeiro o texto não diz que João caíra no Espírito. Somente diz que caiu a seus pés (aos pés do Senhor). É mais do que claro que esse é um sinal de reverência diante da majestade e poder do Senhor que se autorevelara à João. A expressão “como morto” apenas estabelece uma comparação (veja a utilização da conjunção “como”); ou seja, o que o texto está querendo dizer é que como Deus é tão poderoso e majestoso que quando estou na sua presença não represento alguma coisa, ou Deus é tão poderoso que se compará-lo comigo eu não existo, estou morto. Logo, esse verso não serve para se defender a ideia do “cair no Espírito”, até porque não há na Bíblia qualquer referência para esse ensino falso.

Diante disso podemos concluir:

1.º) Qualquer texto utilizado fora do seu contexto é apenas pretexto para defender ideias erradas que caracterizam heresias.

2.º) A doutrina sobre o “cair no Espírito” é equivocada por dois motivos:

a) Não há na Bíblia comprovações da veracidade dessa doutrina; pelo contrário, na Bíblia só vemos o Senhor le-vantando as pessoas (Lc 7.14; 21.28; At 9.6), vemos que o Senhor quer sobriedade (I Tes 5.6; II Tm 4.5; Tt 1.8;I Pe 1.13; 4.7; 5.8), encontramos ordem para que sejamos cheios do Espírito (Rm 15.13; Ef 5.18);

b) Quando olhamos para os exemplos do “cair no Espírito” verificamos:

• quando há essas manifestações nas igrejas que defendem a ideia, geralmente as pessoas “caem” no Espírito depois do pastor da igreja soprar sobre elas, ou seja, é uma “transferência” de Espírito. Isso nós não encontramos na Bíblia; pelo contrário, a espiritualidade é individual e buscada na individualidade (“Enchei-vos do Espíri-to” – Ef. 5.18);

• e, também, quando vemos esse evento ocorrendo verificamos que as pessoas entram em transe e perdem o domínio sobre suas mentes. Deus quer sobriedade (I Tes 5.6);

• por outro lado, esse tipo de transferência só encontramos em seitas espíritas que, inclusive, o espírito humano pode sair do seu corpo.

Portanto, antes mesmos de defender ou acreditar em qualquer manifestação como sendo de Deus, é preciso avaliar tais manifestações, doutrinas ou ensinamentos à luz do que se diz na Bíblia. Experiências não podem reduzir a Bíblia como se ela fosse insuficiente para determinar o que pode ou não pode ser aceito como prática religiosa. Também não afirmo que os adeptos do “cair no Espírito” sejam enganadores; apenas afirmo que usar a Bíblia para dizer que tal prática pode ser usada é no mínimo a demonstração de que a Bíblia não é, de fato, conhecida.

Por isso, acredito, não devemos criar nem praticar doutrinas humanas, mas sim, aquelas que já estão claras na Palavra de Deus. É isso que precisamos! É disso que o mundo precisa! Quando a igreja vive pela Palavra, resgata o sentido fundamental do viver em e por Cristo, na Palavra, não gera dúvidas ou escândalos, mas tão somente honra a Cristo e o glorifica. Que sejamos esses.

PR. LEANDRO MENEGATTE

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